Sai do banheiro só de
toalha. Tranco a porta assim que entro no quarto. Minha janela encara
a janela do vizinho, do quarto do caçula da família. Mas tudo está
apagado. Checo se estou completamente seco. Apago a luz. Hora de
dormir.
Hora de dormir?
Uma luz entra pela
janela. Vem da janela do vizinho que encara a minha. Sob o lençol,
ignoro. Ou tento. Ele está me olhado, me vigiando, sinto os olhos me
encarando.
— Oi.
— Oi.— Você está muito cansado?
— Na verdade não.
— Quer conversar?
— Espera um pouco, vou colocar um short.
— Pode vir como você estiver.
— Exatamente, eu não estou. Tenho mesmo que vestir um short.
Guardado. Basicamente indumentado, me encosto a janela. E espero que venha a palavra dele.
Agora ele parece encabulado.
Envergonhado em falar
diretamente comigo, ou envergonhado com a prévia situação? Ele
olha pra longe antes de começar.
— Sempre.
— Como você faz pra não sujar os lençóis?
— Como assim sujar, você ainda suja a cama?
— Claro que não, porra. Não fale como se não me entendesse.
Sorrio vendo a
distância de dois anos entre nossas idades salientado nesse momento.
— Mas dizem que isso faz mal a saúde. Dá espinhas, e entorta... lá, sabe...
— Não dá espinhas, mas entorta se fizer errado.
— Como se faz certo?
Eu sei onde ele quer
chegar e ele sabe que não vou me negar. Depois de todas as vezes que
ele dever ter me visto chegando ao quarto só de toalha. Esse é um
hábito. Me pergunto quantos vezes ele não deve ter sentado nas
escuridão enquanto eu me repetia.
E as vezes em que ele
me viu sedendo ao meu espírito juvenil?
Eu sei que ele me viu.
Certa vez, ele também não teve pudor em agir pelos hormônios.
Eu o vi pelo espelho
que encarava, além da minha janela, o interior dos segredos dele. Eu
o vi firme e belo como ninguém mais.
Não falamos sobre mais
nada de importante. Sabíamos que esperávamos pelo momento da
satisfação de mais uma das nossas comuns perversões adolescentes.
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